domingo, 18 de abril de 2010

Estação

Vai à estação, todos os dias, para receber o presente. Espera o trem em posição sentada no banco macio. Corpo tranqüilo, repousado no encosto de nuvem fofa e fantasiosa. O olhar é fixo ao encontrar o início da linha. Não se permite um piscar de olhos, pra não perder o surgir do trem, láááá de onde nasce a linha, que vem correndo na direção dos seus pés, saindo do nada, entrando nos olhos, tocando os sentidos: o apito...o ritmo...o coração...o pulso. O trem chega do passado, do longe, de qualquer mundo, vasto mundo...
O trem pára. É maior e mais alto do que o alcance do olhar. Entrega o presente: um pacote cheio de agora.
O trem parte da direção dos seus pés. Segue para o fim da linha, lááááá onde ela nunca morre e finalmente desaparece.
O futuro é o rumo do trem.

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