terça-feira, 16 de novembro de 2010

domingo, 23 de maio de 2010

Mão de céu ou céu na mão?

Atlas e eu

Atlas anda inquieto.
Tem trovejado comigo, do mesmo modo como fez com Hércules. Mas Hércules o enganou. Eu não!
Ele bem conhece os meus fardos e sabe que são bem mais leves que o peso dos céus. Mesmo assim, age como um pica-pau nos meus ombros, que me perfura em dor constante. Coisa desagradável!
Na esperança de resolver essa pendenga, decidi reunir-me com Alexandre, o grande...ortopedista.
Sossega-titã nele!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Céu de São Jorge


Lua cheia, em abril, 6 da manhã.

sábado, 1 de maio de 2010

Regalo

Ficou simples escrever.
Mesmo que alguém, ou ninguém assista as minhas falas.
Me permito, sem nexo algum,
lambuzar de amores a palavra,
a folha inteira,
a vida inteira.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Estação 2

Minha alma tem mania de felicidade no outono.
Ela parece ficar presa a mim pelas beiras, amarrada ao meu pescoço como uma capa que voa com a força do vento. Flutua de tal maneira, que a gravidade quase não é suficiente para manter meus pés no chão.
O outono é único! Andei dizendo que ainda chegará o dia em que amarei as outras estações com esta mesma força. Quem sabe assim, , durante todo o ano, meus dias também renovem o viço.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O violão azul de Jandira Grillo, a Jandira Grillo Pereira, a tia Janda . (E sobre parte de sua vida que encontrou parte da minha).

Jandira Grillo era brilhante! E como boa parte das pessoas brilhantes, era estranha e fascinante. Olhar por demais penetrante. Bem bonita.Pacificada, mas em seus escritos, podia-se ler a alma inquieta. Seu universo interior era gigantescamente maior do que o que se podia ver. Me intrigava aquela criatura, por quem sempre nutri grande afeto. Poetisa premiada da Academia. Autora de livros e publicações. Senhora de todas as letras. Tornou-se Pereira e com José, gerou duas filhas. E tocava violão... A tia Janda tinha um violão (enorme e lindo, segundo a minha visão infanto-psicodélica-anos setenta!). Era todo azul! E só poderia ser colorido o instrumento de tal criatura diferenciada. Com certeza, tinha mágica naquele violão! Um Giannini todo azul, com o Rio de Janeiro estampado no corpo, onde se via o Cristo e a paisagem, com pequenos detalhes dourados e desbotados nas bordas. No colo da tia Janda, era mesmo um violão de artista! (Eu era pequena e sumia atrás do Rio, se tentasse segurá-lo. Tentava. Mas ainda era mais fácil deitá-lo e ficar dedilhando, fingindo produzir acordes perfeitos, ao invés daqueles ruídos indecifráveis e absurdamente incômodos a qualquer ouvido paciente.) E tia Janda tocava e cantava, em coro com as irmãs, que faziam terças, num longo e belo repertório, com vozes muito bem afinadas. Era lindo de ver e ouvir, mesmo achando algumas canções antiquadas demais para o meu moderno repertório musical. Por essa influência, já mais crescida e com suficiente empunhadura, fui aprender a tocar violão e ela me emprestou o violão azul! Até que obtive o meu, bem menos incomum. Passei a tocar também com ela e para ela, que me ouvia interessada. Sentava-se, como sempre com os cotovelos apoiados nos joelhos, ouvindo e cantando, em posição de entrega a nossa atividade musical. Cantamos juntas. Compusemos canções juntas. Foi uma honra pra mim. Não sei se ela, algum dia soube disso. Muitos anos depois, tia Janda partiu para o mundo com que ela passou a vida vislumbrando e acreditando ser tão ou mais real que esse em que vivemos. Não sei que fim levou o violão azul.Se tivesse alma, teria ido com ela. Por que conto essa história? Porque, numa dessas lindas manhãs de outono, em que o azul do céu vibra ainda mais nos olhos, eu transitava de carro pela Avenida Juscelino Kubitschek, quando tocou no rádio um samba-canção daquela época, chamado “Retalhos de cetim”. E foi nessa hora que minhas lembranças deram um salto veloz para o passado. Tirei a cabeça pra fora da janela, ventou forte no meu rosto. Olhei pra aquele céu maravilhoso e a convidei: Vamos cantar juntas, tia Janda!! ...”Eu chorei, na Juscelino, eu chorei”...

Céu de bicicleta

segunda-feira, 19 de abril de 2010

domingo, 18 de abril de 2010

Estação

Vai à estação, todos os dias, para receber o presente. Espera o trem em posição sentada no banco macio. Corpo tranqüilo, repousado no encosto de nuvem fofa e fantasiosa. O olhar é fixo ao encontrar o início da linha. Não se permite um piscar de olhos, pra não perder o surgir do trem, láááá de onde nasce a linha, que vem correndo na direção dos seus pés, saindo do nada, entrando nos olhos, tocando os sentidos: o apito...o ritmo...o coração...o pulso. O trem chega do passado, do longe, de qualquer mundo, vasto mundo...
O trem pára. É maior e mais alto do que o alcance do olhar. Entrega o presente: um pacote cheio de agora.
O trem parte da direção dos seus pés. Segue para o fim da linha, lááááá onde ela nunca morre e finalmente desaparece.
O futuro é o rumo do trem.